Poetics of the Possible
Visual Proposals for an Integrative Agenda
In this exhibition, we present a unique collection of visual works created specifically for the document “Proposals for the Amazon: An Integrative Agenda,” developed by Amazon Concertation. Each image is a work of art—a gesture of listening, a poetic hypothesis, a sensitive experiment that interprets the central axes of the agenda (such as education, health, bioeconomy, culture, biodiversity, and innovation) from Amazonian perspectives.
The works gathered here reveal the vibrancy and plurality of the Amazon, where science and art intertwine to tell stories of memory, resistance, and the future. Education emerges from everyday life, the bioeconomy is shaped by layers of symbolic relationships with the land, and science takes shape in the ancestral knowledge and invisible technologies of traditional communities. Knowledge is not restricted to laboratories—it is planted, fished, and sung. In this meeting of languages, art and science do not limit themselves to illustrating each other: together, they construct an ecology of knowledge capable of raising awareness, provoking, and proposing new imaginaries for Brazil and the world.

Uma obra de arte construída a partir de um processo de algo próximo da minha realidade. Uma obra sobre pessoas, sobre trama, sobre circularidade, uma obra sobre bioeconomia. Digital com textura real onde várias camadas foram utilizadas para produzí-la, assim como no território, onde, para chegarmos na paisagem que está ali hoje, várias camadas foram trabalhadas ao longo de um determinado tempo.
A trama do fundo traz a relação entre as pessoas e o território, a luz do sol ilumina a máscara que está de frente para ele, e, como é um espelhamento, tem a outra parte, que está escurecida. Uma relação de conversa, os povos originais têm essa relação com a natureza, assim como os quilombolas. É iluminação na relação que essas pessoas têm com o território, com a natureza, a proteção, o culto, a (bio)economia, mas, também é obscuridade, porque estas pessoas estão em situação constante de violência.

O Xapiri Ancestral – Plantação e Colheita de novos mundos é uma forma de dizer que esse planeta está sendo transformado, o planeta está nas mãos dessa transformação e ele precisa passar por isso.
A lâmpada ilumina e traz novas ideias produzidas por mãos que plantam, das pessoas que plantam uma nova realidade, um novo amanhã. Um amanhã composto por várias mãos e pela floresta, mãos que mantêm a floresta em pé e tudo isso junto com os espíritos protetores. Uma sobreposição de tempos e saberes científicos e tradicionais que precisam se juntar para o amanhã.
O Xapiri dialoga justamente sobre isso. Junto com alguns símbolos, como os cogumelos, aqui representando as raízes da nossa terra. Ele (Xapiri) precisa de raízes, e ao mesmo tempo ele flutua, Esta arte fala sobre conexão, sobre o planeta está nas mãos dessa mudança. E a mudança está acontecendo. Está nas mãos de várias mãos, várias frentes juntas que precisam coexistir e plantar juntas para que novas realidades nasçam.

A obra “Tecnologias Ancestrais” ilumina os conhecimentos tradicionais, as tecnologias e saberes ancestrais que os povos originários e tradicionais compõem para o Brasil.
A medicina é uma temática que une esses povos, a medicina tradicional interconecta esses povos. A partir da perspectiva da saúde, partindo da perspectiva também da espiritualidade, da organização política e social.
Ervas conectam esses povos aos seus territórios, são uma fonte de força. Os saberes ancestrais vão sendo transmitidos de geração para geração, principalmente pelas mulheres, que têm uma ligação muito forte com essas narrativas ancestrais.
O Mercado do Ver-o-Peso é um ponto muito central onde as erveiras compartilham os seus conhecimentos ancestrais, onde histórias sobre essas ervas, sobre as garrafadas, sobre os banhos vão sendo divididas. Essas tecnologias ancestrais vão se perpetuando de geração para geração nos territórios, mas que elas também vão desaguando no contexto urbano.
As ervas fazem parte do imaginário amazônico, estão inseridas dentro do imaginário amazônico e em nossos quintais, nas histórias de nossas famílias.

Eu não queria produzir uma obra que falasse de segurança partindo do viés da violência, algo sobre a segurança a partir do território, por isso a obra traz a questão da alimentação, do alimento. A alimentação é importante, se a gente não se alimenta, a gente não tem como estar vivo, independente dessa segurança territorial.
Essa Amazônia que a gente acha que é Amazônia mas que sai também um pouco para fora do Brasil, como mostra o mapa, precisa de várias seguranças, de um equilíbrio, como os personagens que flutuam na canoa relembrando os rios voadores. Rios cheios de fartura que, com a lua, comandam parte do ciclo da alimentação e também de alguns rituais.

Essa arte é sobre o acesso, sobre a importância do acesso à saúde pública.
É sobre bem estar.
No centro, a figura de uma agente de saúde, uma enfermeira com identidade marajoara, com traços indígenas, ao fundo a divisão entre cidade e esse emaranhado de palafitas. O urbano e o ribeirinho.
O caminho das águas entre a cidade e os interiores, as ilhas, esse fluxo das águas, tudo isso faz parte da nossa cultura.
Os rios precisam estar limpos, é preciso acesso às águas para ter acesso à saúde.

Um trabalho de abstração da paisagem, e como um trabalho abstrato, não existem elementos literais, a conexão vem pelo fundo, pelas cores.
O uso de tantos pigmentos metalizados que remetem ao ouro, à riqueza provocam um pensamento sobre o valor da floresta. Os minerais têm muito valor hoje, mas, num futuro, a floresta vale muito mais do que esses minerais.
Os minerais funcionam muito bem como matéria de troca, mas eles não servem para sustentar a vida, servem para dar sustento neste caso à abstração artística, que tenta trazer o belo, o estético para questões desafiadoras do território através de um pensamento plástico.
Uma obra que traz a trajetória entre cidades da vida da artista e uma forte influência do impacto ao retornar a sua terra natal, Manaus, suas exuberâncias, uma exuberância de floresta maltratada. Uma combinação de elementos, como as asas de insetos, que esteticamente chamam atenção pelos detalhes, delicadeza e fragilidade, mas representam ao mesmo tempo a resistência destes animais com armaduras e forças sobre-humanas, consideradas as devidas proporções.

Além do gosto pelos animais, o trabalho e a pesquisa de Josias passam pelo processo da afetividade, da memória e de marcar o seu lugar de origem e como ele lida com isso.
Essa obra de técnica mista é como uma anotação, já que se fala de memória. Quando você rememora uma lembrança, você conta, registra de alguma forma, você automaticamente contamina aquela versão da memória da história.
A sucuri, aqui representando com outros elementos a biodiversidade, abundante e frágil, é um animal que está sempre presente no imaginário sobre a Amazônia, ela amedronta e alimenta mitos. Os mitos, da fundação, da criação, nos fazem pensar o mundo ao nosso redor, na biodiversidade, a sucuri está neste lugar.

A obra de Victor Hugo trás um grito das periferias, as periferias gritam loucamente!
Em uma intensa releitura da “Balsa da Medusa”, de Théodore Géricault, 1818-1819, essa obra digital de técnica mista apresenta uma visão sintética da vida humana abandonada ao seu destino. Os sobreviventes que vagam pelo oceano sobre uma balsa aqui aparecem como moradores da periferia de Manaus, também abandonados.
A fotografia de uma área informal de Manaus, que compõe o plano de fundo, ressalta os desafios de ordenamento territorial e regularização fundiária presentes no território, e, potencializa essa releitura não somente por semelhanças visuais, mas também de contexto, um contexto de abandono e invisibilidade.

A lembrança do trabalho da família na roça inspirou a artista nessa obra.
Sua mãe, aqui deitada, evoca a força da mulher no campo e a lenda da Mani.
Lembranças e memórias afetivas atravessam a criação. Entre os vários tipos de mandioca presentes na Amazônia, essa é a chamada camarão pela cor mais rosada. Sua casca é mais fina do que as outras e sai com mais facilidade na hora de descascar para fazer farinha. Quando era de camarão, as crianças ficavam mais felizes, porque não precisavam fazer tanto esforço para tirar a casca.
A segurança alimentar aparece também pela proteína animal dos peixes, que aqui aparecem na lua, que rege os ciclos das águas e das culturas.
Tudo aparece integrado, a lenda da mandioca no corpo da mãe e a lua com os peixes.
Peixes comuns, e alguns que ela (a mãe) gostava de pescar. A vida.

A energia aparece aqui a partir de dois universos. Um enquanto uma propriedade, uma propriedade industrial que precisa e que tem um poder político e privado, e outro a energia da ancestralidade.
Essa última como sendo a que protege, que é a que fortalece, que é a que mantém esses povos e essas comunidades seguros do que tem convicções. O direito sobre o território, sobre a terra, o direito da perspectiva de vida.
Esses dois pontos aparecem através do rio um tanto quanto movimentado em meio à natureza e essa mãe árvore segurando essas duas casas.

A nascente desse igarapé que é a obra de arte precisa nascer dentro. Hadna foi buscar isso em sua referência familiar. Meu avô foi leiteiro e açaizeiro na década de 70 em Manaus, profissões que são tão extintas quanto datilógrafos em tempo de smartphones.
O que é cultura? Porque, para mim, cultura é algo que está entre nós, não está externamente, daí o nome da obra: Memórias de um Caroço. Caroço é semente, caroço é casa, como casa guarda memórias, quando plantadas contam histórias.
A obra é sobre isso!

Uma sobreposição de tempos, espaços e pessoas.
O rio, a cidade, os barcos, a internet, a rua, um mercadinho com óleo na prateleira, farinha, coisas que remetem à minha infância, de quando minha mãe me mandava comprar comida na bodega, e, tudo aquilo para mim era um aprendizado, era educação no seu sentido mais amplo. O troco, o passar o troco, conhecer o caminho, essa relação com o território que se constrói desde muito cedo para alguns, tudo isso é educação.
O passado com as memórias de infância se mistura com o futuro na imagem de outras crianças, de diferentes pessoas. Tudo isso ligado a coisas que eu vivenciei e que eu não vivenciei só. É uma construção de dentro para dentro. Para quem tiver tido a vivência, se identificar, e para quem não se identificar, conhecer.
A obra apresenta a Amazônia como um lugar de educar. A educação está presente em tudo. A memória das coisas que a gente aprende na primeira infância, o contato com a natureza, pensando a natureza como a grande mãe, a grande escola que educa.
Tudo tem sentido na vida amazônida, tudo tem um fundamento. Tudo educa.











