Olhar endurecido, tristonho ou constrangido, físico mirrado e identidade não revelada. São assim os sujeitos vistos pela sociedade como marginais, que protagonizam as pinturas de Éder Oliveira. Usando como matéria prima as páginas policiais dos jornais, o pintor dá identidade aos personagens anônimos que são retratados como criminosos, mesmo que sua culpa não tenha sido estabelecida.
A fotografia sempre esteve presente em seu trabalho, mas não é ele quem fotografa. Em seu processo criativo, Éder se apropria de imagens publicadas nas páginas policiais, substituindo a ambientação por um contexto estético e artístico que vai muito além da ideia de criminalidade.
O artista faz uso de técnicas diversas, que vão do óleo sobre tela aos grandes formatos das intervenções urbanas aos quais dedicou boa parte de sua carreira. E passam também por aquarelas, site-specifics e objetos que sempre tomam a fotografia como base. Em entrevista à Concertação, ele descreveu seu processo artístico:
“Trabalhei durante uns dez anos com a ideia de apropriação do fotojornalismo das páginas policiais. (…) Eu tirava a imagem do contexto, recortava somente o que me interessava e jogava o resultado como obra de arte, o que automaticamente subvertia a imagem marginalizada, tornava-a uma coisa bonita. A partir daí, o público podia perceber que olhava para pessoas bonitas, jovens e fortes”.